Cummins explica recall nos EUA

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Problema de formulação do catalisador gerou recall de equipamentos com motores Cummins. Fabricante nega relação com Dieselgate Volkswagen.

por Roberto Queiroz

O mundo automotivo foi surpreendido no início de agosto com uma denúncia contra a gigante de motores a diesel Cummins, que teria de arcar com o maior recall de diesel na história da EPA. Segundo relatório da Reuters, uma das primeiras fontes a reportar o problema, o recall afetaria cerca de 500.000 motores diesel – na verdade 550 mil unidades – médios e pesados em veículos produzidos entre 2010 e 2015 e instalados em uma infinidade de aplicações, desde grandes plataformas até os chamados caminhões vocacionais.

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Adriano Rishi: O problema foi identificado em auditagem própria da Cummins.

Com falta de informações qualificadas no primeiro momento, o mercado relacionou o assunto com o famoso Dieselgate, mas logo se esclareceu que o recall não envolve um dispositivo de fraude, como a Volkswagen admitiu usar em seus modelos TDI de 2009 a 2015. Descobriu-se que os sistemas de redução catalítica seletiva dos motores apresentavam um problema pontual e, sendo menos duráveis do que a lei exige, teriam de ser substituídos.

A California Air Resources Board detectou o problema em um teste de conformidade de emissões conduzido em conjunto com a Cummins. Na verdade, segundo Adriano Rishi, diretor executivo de Engenharia da Cummins Brasil, “o problema foi detectado em uma auditagem própria, quando o sistema não atendia as especificações em um determinado ciclo. E foi a própria Cummins que informou a CARB”, afirmou.

O SCR é um sistema que injeta uma solução de ureia, no Brasil conhecida como Arla 32 e que atua como fluido de exaustão de diesel, para reduzir as emissões de óxidos de nitrogênio. Com o SCR espera-se uma conversão de 88 a 90% do Nox para N²A (nitrogênio mais água).

Lei rigorosa

A lei federal e da Califórnia exige que os dispositivos de controle de emissões em todos os carros continuem operacionais enquanto os carros envelhecem. Tanto a EPA quanto o CARB conduzem testes de acompanhamento de carros usados para garantir que seus motores atendam aos requisitos de emissões.

A aplicação específica onde ocorreu o problema apresentava uma excessiva umidade do ar, criando uma película de sulfato no catalisador. Essa película não proporciona a mesma uniformidade de conversão. “A combinação de umidade do ar, temperaturas de operação e diferenças no móleo lubrificante e óleo combustível impediam a queima perfeita”, esclarece Rishi.

A Cummins esclareceu que somente algumas poucas unidades foram afetadas, mas decidiu fazer o recall de toda a produção. “O problema foi resolvido com relativa facilidade, promovendo-se a troca do catalisador com outra formulação”, diz o engenheiro, explicando que não foi correto dizer que o desgaste prematuro do equipamento de emissões da Cummins desqualificou esses motores, como noticiado. Até porque os motores seguem funcionando normalmente. A Cummins está atualmente realizando um recall similar para motores instalados em 232.000 pickups heavy duty da Fiat Chrysler.

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