Valor justo do frete é um dos maiores desafios de autônomos e pequenos transportadores
Por Augusto Dantas, CEO do Lucrei no Frete

Quando você vai comprar combustível para seu carro, quem define o preço é quem vende.
A mesma coisa acontece quando você vai comprar qualquer outro produto, como alimentos, roupas, veículos, imóveis, bebidas, ou o que quer que seja.
Para serviços, a realidade é a mesma. Médicos, mecânicos, pedreiros, barbeiros, professores particulares… Quem presta o serviço define o preço.
Isso acontece em função de que, quem produz o produto ou presta o serviço, conhece seus custos fixos e variáveis, e define o valor baseado no custo total, mais margem suficiente para cobrir as despesas e ainda ter lucro no final.
Agora, imagine que você definirá os valores dos produtos e serviços que comprará. Nesse cenário, os vendedores dos produtos e prestadores de serviços conseguirão manter margens suficientes para cobrir os custos totais, e sobrar o suficiente para pagar todas as despesas e ainda ter lucro?
Claro que não. Você procuraria pagar o mínimo valor possível, e, como todos que compram fariam a mesma coisa, o vendedor e o prestador de serviço teriam que vender, pois, se eles não fizessem isso, os outros fariam pensando em sobreviver.
Pois é, no transporte rodoviário de cargas, quem compra o serviço, ou seja, o embarcador é quem define o valor do serviço, restando ao prestador do serviço aceitar, sem ao menos discutir o valor oferecido.
Soma-se ao fato do transportador, em sua maior parte, não conhece com assertividade, seus reais custos. Muitos, nem imaginam que Reposição do Veículo e Remuneração do Capital são custos fixos.
Assim sendo, o frete oferecido muitas vezes parece ser algo “razoável”, mas, na verdade, é um “câncer” que vai dilapidando aos poucos a saúde financeira das empresas e dos autônomos, causando sua morte prematura e colocando o mercado em risco.
Para piorar o cenário, empresas inescrupulosas aceitam fretes indignos, e repassam a autônomos tirando sua margem de no mínimo 35%, pagando o mínimo possível de adiantamento, e o saldo com a proibida carta frete, beneficiando postos que também compactuam com essa prática danosa.
Você, que faz parte da sociedade, é prejudicado com essa realidade. Tudo o que tem dentro de sua casa, desde os tijolos que foram usados na sua construção, até seu colchão e cama, chegaram à sua casa transportados em um caminhão.
Comida, combustíveis, remédios, eletrônicos e tudo mais o que você pensar, precisa de caminhão para chegar ao destino. A greve de maio de 2.018 deixou isso muito claro.
Mas, não tem a Tabela ANTT? Tem, mas para que uma transportadora pague Tabela ANTT para autônomos faltam uns 100 anos.
Em 2.015, coloquei no mercado o Lucrei no Frete, App capaz de fazer o que o transportador não consegue fazer, calcular em questão de segundos, baseado no frete oferecido, e na origem e destino da carga, todos os custos fixos e variáveis que serão gerados, e mostrar se esse frete é ou não viável, permitindo assim, não carregar se houver prejuízo, entre tantas outras funcionalidades.
Hoje, contamos com mais de 3.400 inscritos, mas, entendemos que o uso ainda é incipiente face ao número de autônomos e pequenos transportadores, público alvo de nosso App.
Próximo artigo, falaremos dos males da carta frete e como essa prática ocorre hoje, mesmo com a obrigatoriedade do CIOT.