URGENTE: CNH desiste de vender Iveco para FAW

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A chinesa FAW gostaria de ter comprado a Iveco. As negociações ocorreram, avançaram, mas o Grupo CNHi, proprietário da marca italiana, decidiu encerrar as conversas para vender a sua montadora de veículos comerciais.

Caso confirmada, seria uma estratégia diferente de abordagem de uma marca chinesa no mercado ocidental. Normalmente, o desenvolvimento das montadoras chinesas no Ocidente se dá por investimentos da própria matriz ou através de parcerias com grandes grupos empresariais, mas sempre ostentando a marca original chinesa.

No caso da FAW, a estratégia se passaria por adquirir uma montadora já devidamente consagrada nos mercados europeu e sul-americano, ainda que sem grande protagonismo. Sua intenção seria manter a marca Iveco nesses mercados, mas com novos investimentos e, ainda, ampliar a sinergia tecnológica e de desenvolvimento entre as marcas.

Mas, vamos voltar a falar da notícia em si. A CNH Industrial, da bilionária família Agnelli, encerrou as negociações para vender seu negócio de caminhões e ônibus Iveco para a China FAW Group Co., um movimento que foi bem recebido pelos governos italiano e francês.

“A CNH Industrial acredita que há oportunidades significativas para desenvolver seus negócios On-Highway (rodoviários), acelerando a implantação de soluções e infraestrutura de transporte cada vez mais sustentáveis, em linha com as ambições do Acordo Verde da UE”, informou a corporação através de comunicado oficial.

Agora, segundo a Bloomberg, a CNH somente desistiu do negócio por considerar que a oferta chinesa era muito baixa e estava aquém de suas expectativas. O governo da Itália também sinalizou sua oposição à venda da Iveco pela CNH para uma empresa chinesa e elogiou a decisão, já que a marca é considerada um orgulho nacional e “porque considera a produção de veículos pesados ​​de interesse nacional estratégico”, de acordo com o ministro do Desenvolvimento Econômico, Giancarlo Giorgetti, em comunicado oficial. O político italiano ainda assegurou que o governo está preparado para ajudar a garantir que essa produção continue na Itália.

Tal posicionamento significa que a montadora poderá receber investimentos adicionais ou ter acesso facilitado a novas linhas de crédito. Vale lembrar que a aposta de futuro da Iveco está na sinergia com a Nikola, que fornecerá a sua plataforma tecnológica de caminhão elétrico para o futuro S-Way elétrico que será montado na fábrica de Ulm, na Alemanha. Na semana passada, as marcas Iveco e Nicola assinaram uma carta de intenções com a empresa OGE, que opera uma das principais redes de gasodutos da Europa, para estabelecer uma rede de distribuição de hidrogênio, garantindo, assim, a infraestrutura necessária para o desenvolvimento do S-Way elétrico, que tem a sua tecnologia sustentada em bateria de células de combustível a hidrogênio, na Alemanha e no mercado europeu.

O ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, tem trabalhado junto com o ministro Giorgetti para manter os interesses industriais da Europa e confirmou que: “Esta transação levantou questões importantes de soberania industrial”, em um tuite.

As negociações entre CNH e FAW ocorriam desde 2020 e teve a sua primeira oferta, avaliada em 3 bilhões de euros, rejeitada março do ano passado.

O primeiro-ministro Mario Draghi afirmou, em 8 de abril deste ano, que apoiava uma extensão da proteção estatal para as empresas italianas. Recentemente, seu governo bloqueou a aquisição chinesa de uma empresa italiana de semicondutores.

Outros políticos italianos ainda defendem que o governo italiano deve se tornar um acionista estratégico da Iveco para protege-la de uma venda futura, evidenciando que a discussão geopolítica pode se sobrepor as vontades do livre mercado. Resta saber quais são os devidos pesos entre soberania nacional e europeia e o que é massagear o ego dos italianos.

Em 2019, o Grupo CNHi havia confirmado, publicamente, a sua intenção de separar os negócios de máquinas agrícolas (Case e New Holland) do de veículos comerciais (Iveco). Esses esforços foram atrasados ​​pela atual pandemia. Sabe-se que a família Agnelli sofre por críticas e pressões internas e externas para não se desfazer da Iveco, sobretudo, para um investidor estrangeiro. Mas, no mundo dos negócios, sabemos que isso faz pouca ou nenhuma diferença se não houver uma contrapartida muito vantajosa. Por isso, a tendência é de que a CNH continue buscando um comprador para a Iveco seja quem for e de onde for. Essa novela ainda promete fortes emoções e não tem prazo para acabar, desde que alguém chegue com os valores esperados pela família Agnelli.

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