Foton anuncia retomada com maior presença no Brasil

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Agora com apoio da matriz chinesa, empresa confirma continuidade do projeto no Brasil

por Roberto Queiroz

Depois da severa e prolongada crise econômica iniciada em 2014, em que precisou rever seus planos e se reformular internamente, a Foton Aumark do Brasil, anuncia agora novos e positivos planos. Assim, a montadora chinesa Foton Beiqi, uma das maiores fabricantes de caminhões do mundo, reforça sua presença no Brasil.

A partir de agora, a operação da marca no país passa a contar com a cooperação da matriz chinesa através da sua subsidiária brasileira, Foton Motors do Brasil Vendas Ltda, que traz importante suporte operacional e financeiro. A marca foi introduzida no país em meados de 2010 pela Foton Aumark do Brasil, empresa 100% brasileira e montada pela família Mendonça de Barros, que agora ganha o reforço da FMBV.

Com o novo modelo de atuação, a operação comercial administrada pela representante brasileira se concentra nas vendas da linha de comerciais leves e caminhões leves, que foram nacionalizados como parte do programa Inovar-Auto. E o Foton 3.5-11 DT, o primeiro modelo a ser importado, se junta ao portfólio com alterações na cabine.

A nova composição da diretoria brasileira apresenta Márcio Vita, CEO; Leandro Gedanken, diretor Industrial, de Engenharia e Desenvolvimento; Eustáquio Sirolli, diretor de Desenvolvimento de Produto; e Ricardo Mendonça de Barros, diretor Comercial e de Desenvolvimento de Rede. O patriarca Luiz Carlos Mendonça de Barros, responsável pela viabilização da primeira fase do projeto, faz parte do Conselho Diretor, mas está afastado das atividades operacionais do dia a dia da empresa.

Marcio Vita explica que a chamada fase I do projeto consumiu investimentos de R$ 100 milhões da parte brasileira. E que “desde novembro o projeto vem passando por uma revisão de valores, principalmente na opção de compra dos equipamentos da planta de Guaíba, se serão buscados no mercado nacional ou importados.”

A questão da planta gaúcha recebe uma explicação até simples. A Foton retoma seus planos e espera haver volumes para justificar. As obras serão retomadas ainda no segundo semestre deste ano e a produção tem início previsto para meados de 2020. Segundo os executivos brasileiros, o investimento é conjunto, e dentro do acordo acertado, o Brasil já fez sua parte e daqui para a frente é com a China. Dentro desse cenário, a produção na unidade da Agrale, em Caxias do Sul, deve seguir por pelo menos mais dois anos, crescendo.

Vita acrescenta ainda que existem várias modalidades de acordo possíveis quanto à formatação da participação chinesa no empreendimento. “Pode ficar como está, com uma participação conjunta, pode haver uma sociedade ou ainda uma compra total por parte deles. Ainda estamos em fase de transição.”

Ao se estabelecer no Brasil por meio da FMBV e trabalhar em sinergia com a Foton Aumark do Brasil, a Foton Beiqi definiu o mercado brasileiro como estratégico, por ser o maior da América Latina e sétimo do mundo. Além disso, acena com a possibilidade de abastecer os demais países da região latino-americana, já que sua localização no Rio Grande do Sul permite uma logística bastante eficiente.

Operacional

A FMBV, agora em fase de reestruturação, vem atuando de forma exclusiva no Brasil, tanto para nacionalização dos produtos, criação e expansão da rede de concessionárias, como para fabricação, importação e venda dos produtos da marca, de forma totalmente independente. É ela que responde pela contratação e pagamento dos fornecedores para a linha de produção e até pelo custo dos importados e sua internação no Brasil.

Produtos nacionalizados de 3.5 toneladas a 10 toneladas completam o portfólio e lançamentos inéditos já estão em fase de homologação. O CEO Márcio Vita revela que “já temos duas novidades no porto”, diz, referindo-se a modelos inéditos de produtos que devem ser comercializados em futuro próximo. Como explica Eustáquio Sirolli, diretor de Desenvolvimento de Produtos, a oferta no momento é composta pelos comerciais leves modelo 3.5-11 DT, importado; 3.5-12DT, 3.5-14DT e ST e o leve 10-16DT.

“A estratégia é atacar com duas frentes, o importado como veículo de entrada e de prateleira”, diz o executivo. Nessa faixa, vai brigar com o Hyundai HR. “Os demais terão venda mais técnica, destacando três vantagens sobre a concorrência na categoria. Eixo dianteiro em viga forjada, cabine basculante e quadro tipo escada, soluções típicas de caminhões mais pesados. O líder é a Daily 3.5, e queremos ser a alternativa mais robusta.”

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Eustáquio Sirolli, diretor de Desenvolvimento de Produto.

A Foton agora pode abastecer o mercado brasileiro tanto com produção local como avaliar o portfólio da matriz na China e trazer outros modelos. Os produtos da divisão Auman, a linha maior, ficam para uma fase dois. Por enquanto, a empresa vai trabalhar comerciais leves, leves até 12 toneladas e médios. Como acrescenta Sirolli, a Foton chegou a nacionalizar um. “O que ficar sem Finame, será importado”, garante. A empresa está inscrita no Rota 2030, mas novos desdobramentos dependem de como a China absorver o negócio.

Em seu melhor momento, a Foton contava com 22 casas, depois 19, foi a 20, e agora quer alcançar 30 distribuidores até o final do ano. “Recomeçando com baixo volume e crescendo organicamente, primeiro vamos acelerar. A Foton já teve 5%, quer voltar a isso antes e depois crescer”, comenta Sirolli. Esse trabalho inclui a recuperação de imagem, agora com apoio. A fase crítica passou, e somos o único chinês que ficou. Mostramos resiliência gestora.”

A Foton lá fora

Atualmente, a Foton vende cerca de 600 mil veículos por ano globalmente, 90% deste volume de veículos comerciais. Isso equivale a praticamente oito anos da produção brasileira. Suas exportações vão para mais de 100 países, com um volume que passa das 60 mil unidades. No mundo a empresa conta com 40 mil colaboradores, duas mil concessionárias e, no ano passado, atingiu faturamento de US$ 7,5 bilhões. A filial brasileira é a quinta unidade industrial da Foton fora da China, que já conta com fábricas na Tailândia, Vietnã, Quênia e Argélia em construção.

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