Ford e Caoa, uma tarde sem respostas

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Evento bancado pelo governador Dória apenas confirma intenção de compra da fábrica Ford pelo Grupo CAOA, mas não explica a operação de caminhões

por Roberto Queiroz

Foi frustrante. Começando pela espera forçada e o atraso no início da apresentação comandada pelo governador João Dória para divulgar o futuro da fábrica Ford no Taboão, o evento foi quase um fracasso. O tempo dos jornalistas foi utilizado apenas para a confirmação de algo que já se sabia: a intenção de compra das instalações pela Caoa que, mesmo assim, nem pode ser ainda confirmada antes dos até 45 dias exigidos pela legislação. E apenas quatro colegas foram selecionados para fazer perguntas.

Sobre esse negócio, está confirmado o investimento proposto de R$ 1 bilhão em recursos próprios, pela Caoa, no novo projeto, que inclui encampar as instalações da Ford, ao que parece para produzir, depois de um início com importações, uma linha de veículos da chinesa Changan, ou Changhan, que já vinha gestionando por conta própria seu retorno ao mercado brasileiro antes de um acordo com o Grupo CAOA.

Fora isso, todo mundo continua no escuro, sem informações concretas sobre o destino da mão de obra alocada nessa planta. Segundo números de fevereiro, seriam mais de 2.800 funcionários. A outra grande dúvida diz respeito à linha de montagem e à operação de caminhões Ford, sequer mencionadas.

Tratando apenas da operação de caminhões, a própria linha do Taboão exigiria não mais que 150 ou, esticando, uns 200 funcionários, porém, com a debandada já de boa parte desse contingente, quem sobraria com treinamento suficiente para apertar os parafusos certos e apertar botões?

Do outro lado dessa questão caminhões está a disparada desmobilização do que chegou a ser uma muito boa rede de distribuidores. Se haviam, em fevereiro, cerca de 109 pontos entre vendas e assistência, hoje já não dá para identificar quantos sobraram. A própria ex-montadora de caminhões, no momento em que divulgou uma listagem com 30 distribuidores eleitos para dar assistência à frota da marca por cinco anos, estimulou a debandada dos demais.

Sem falar que uns 40 já fecharam as portas na sequência, além de outros que foram abordados pela concorrência e aceitaram mudar de bandeira para Mercedes-Benz, Iveco e Volkswagen. Ou então estão se preparando para operar como truck centers, agregando representações de serviços como pneus, implementos e outros serviços de amplitude multimarcas.

Independentemente do que venha a decidir sobre o tema, o Grupo CAOA sabe que sem mão de obra especializada e, ainda sem rede forte e atuante, não pode ir longe no mercado de caminhões. Para caminhões semipesados, por exemplo, não seria possível repetir a estratégia Hyundai Caoa, de unificar as vendas e serviços de carros e veículos pesados na mesma instalação. Inteligente como é, o sr. Caoa não iria repetir os antigos tempos em que a Ford pré Flávio Padovan fazia isso…

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