Viagem SP/RJ num ônibus Mercedes-Benz O 500 RS DD

ÁGUIA_BRANCA

Avaliamos o desempenho de um ônibus rodoviário O500 RSDD, com carroceria G7 DD, do ponto de vista do passageiro

por Roberto Queiroz e Gustavo Queiroz, da Via Dutra

O ônibus é novo, parte de um lote adquirido há menos de um ano pela Viação Águia Branca, em uma combinação unindo um chassi Mercedes-Benz O500 RSDD, 8×2, na configuração de 15 m a uma carroceria rodoviária Marcopolo G7 Double Decker. A alteração no comprimento de um chassi rodoviário de 14 para 15 m foi legalizada em 2017, permitindo a instalação de uma fileira a mais de assentos tanto no primeiro como no segundo piso e foi isso que atraiu a atenção dos operadores para o produto.

O percurso escolhido para essa avaliação foi a rota São Paulo/Rio de Janeiro, ida e volta, ligando a Rodoviária do Tietê à Rodoviária Novo Rio, com uma distância em torno de 520 km. O trecho de ida foi percorrido em 6:40 hs e 7:20 hs no retorno, um pouco mais por conta do trânsito, acidentes na pista e obras na av. Brasil. Tudo normal.

A ideia para a reportagem era retratar uma viagem rodoviária, como um teste de ônibus em operação, mostrando a percepção de quem viaja sobre os recursos tanto do chassi, com sua parte mecânica, como da carroceria, já a partir da percepção visual do passageiro. Apesar da rota ser curta e bem conhecida, com bom padrão de pavimentação, a densidade de tráfego e a passagem pelos trechos urbanos deveriam fornecer os elementos necessários a uma avaliação.

Ao entrar no ônibus, o passageiro já começa a ver as diferenças. No piso inferior, seis assentos tipo leito-cama, padrão avião como uma classe executiva da Boeing, criam o espaço reservado, sem degraus e de fácil acessibilidade. Na parte de cima, as 48 poltronas são do tipo Soft, semi-leito, com ótimo nível de reclinação. Sua percepção será diferente, conforme a posição no ônibus, mas sempre destacando critérios de conforto e segurança.

Com o motor ligado, uma primeira percepção bem pode ser do baixo nível de ruído ou trepidação. Espera-se, com razão, uma maior estabilidade por conta do quarto eixo, ou o segundo direcional dianteiro. Para isso, a suspensão pneumática além de zelar pelo conforto, ainda tem um dispositivo anti-tombamento, com amortecedores reforçados, solução que proporcionou uma estabilidade suficiente em curvas.

Para o passageiro acomodado no piso superior, a sensação percebida de estabilidade em curvas e frenagens é maior. Muito, mas muito diferente mesmo do que acontecia com os double deckers do Jânio Quadros descendo a rampa da Brigadeiro Luís Antonio, para quem se lembra disso. Além disso, fica mais longe do ruído do motor e pode aproveitar bem o conforto térmico do ar condicionado.

Passageiro

Nesse ponto, o advogado Alexandre Fontes Vianna, passageiro que buscava alternativa ao alto preço das passagens aéreas, efeito provocado pela saída da Avianca do mercado, defendeu a opção rodoviária. “O ônibus é confortável e limpo, atende bem o que se espera. Não tem barulho, parece novo”, observa, também elogiando a TV.

“O passageiro não tem de ser engenheiro para saber se o ônibus é bom. Tem é que se sentir confortável”, explica, bem objetivo. Convicto, o advogado tem sido um divulgador da viagem por estreada, até citando casos de amigos que estão experimentando o ônibus no lugar do avião. Considerando o horário de apresentação no aeroporto, a espera e os tempos de traslado, a opção rodoviária SP/RJ leva apenas umas 3 horas a mais que no transporte aéreo, que considera bem razoável.

Segundo Edson Carlos Brandão, gerente de Marketing do Produto Ônibus, “esse carro da Águia Branca é um 2018, mas que passou por um retrofit, incorporando todo o programa operacional full”, envolvendo uma avançada telemetria, com preparação para gerenciamento de frota, piloto automático e até vídeo para controle do motorista. Esse pacote envolve, por exemplo, retomadas com aceleração suave, para menor consumo.

“Há coisas que não aparecem para um passageiro comum”, diz Brandão, referindo-se ao exemplo do alongamento da dianteira, sem solda e totalmente feito com parafusos, para criar a posição de low driver. A solução com parafusos também é utilizada na transformação do boogie original do chassi.

Recursos embarcados

A Viação Águia Branca acabou de receber mais 12 ônibus 8×2, do modelo 19/20, ano 2019. Os novos veículos receberam uma nova programação na caixa automatizada, com foco na redução de consumo. Entre os principais features do chassi estão:

  • Motor MB OM 457 LA, com potência  408 cv
  • Pacote Fuel Efficiency
  • Câmbio Automatizado MB GO 240 – 8 marchas com nova parametrização
  • Visctronic – controle inteligente de acionamento do ventilador do radiador
  • Top Brake – freio-motor auxiliar
  • Retarder – sistema auxiliar de freio
  • ESP – controle eletrônico de estabilidade
  • Piloto Automático
  • ASR -Controle de Tração
  • EBS – Freio Eletrônico
  • ECAS – suspensão pneumática controlada eletronicamente, com sistema anti-tombamento e sistema de rebaixamento e elevação
  • Volante Multifuncional com teclas de acionamento
  • Chassi com regulagem de balanço dianteiro, o que facilita o rebaixamento pelo encarroçador para a versão a Low Driver
  • Painel diagnose on board e EcoSupport

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