Accelo automatizado supera avaliação na Jamef

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Inteligência do câmbio automatizado auxilia na economia e na redução dos custos de manutenção

Por Roberto Queiroz, de Barueri, SP

Quase três longos anos após apresentar a solução pela primeira vez, a Mercedes-Benz formaliza a oferta do câmbio automatizado nos caminhões Accelo.  Dois protótipos foram testados e aprovados pela Jamef, transportadora de cargas fracionadas, após um período de cerca de oito meses. A Jamef vem utilizando o caminhão médio Accelo 1316 6×2, rodando cerca de 15 a 20 mil km/mês nas operações de transferência de carga entre suas unidades em São Paulo, Paraná e Minas Gerais e o modelo leve 1016, rodando mais de 4 mil km/mês em serviços de entregas urbanas na Grande São Paulo.

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Transmissão automatizada Eaton equipa o MB Accelo.

O câmbio automatizado é um item opcional para clientes do Accelo, que mantém a oferta de câmbio manual. Para o 815 está disponível o modelo Eaton 6106A. Para o 1016 e o 1316 a versão indicada é a Eaton 6206A. As transmissões de 6 marchas oferecem melhor escalonamento de marchas, com primeira reduzida de 6,20:1 e última marcha com overdrive de 0,78:1, combinando capacidade de partida em rampa e altas velocidades operacionais.

Para a Mercedes, essa configuração do Accelo pode ser uma arma para enfrentar a crescente concorrência, que destaca Volkswagen Delivery e Iveco Daily. O produto VW já oferece caixa automatizada, mas a Iveco, embora ainda não tenha essa oferta na linha Daily, deverá trazer a solução nos novos Tector de 9 e 11 toneladas, que estão chegando. Tudo isso para brigar pelo espólio de 12% de participação abandonado pela Ford.

Para a marca da estrela parece que a opção já começa a valer a pena. As primeiras unidades já estão chegando à rede e devem ajudar na pretensão de pular de 15% para 25% nas vendas com caixa automatizada nos próximos três anos. O primeiro cliente deve ajudar bastante, pois a Jamef está abrindo negociações para 60 unidades. Fabricante da transmissão, a Eaton torce para a Mercedes agradar com preço e prazos de entrega. “Somos a única marca a oferecer câmbio automatizado para toda a linha de caminhões”, alerta Roberto Leoncini, vice-presidente de Vendas e Marketing Caminhões e Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil.

“O Accelo surpreendeu na versão automatizada, com bons resultados operacionais para a empresa”, afirma Michael Oliveira, diretor de Operações da Jamef, que já conta com 100 unidades desses caminhões com caixa mecânica. “Há uma melhora no consumo, trazendo economia para a nossa operação de transporte. Além disso, essa tecnologia demanda menor custo de manutenção. Já o motorista ganha em conforto de dirigibilidade, melhor performance e produtividade. ”

Em uma competição mais direta com a Braspress, principal concorrente no segmento, a Jamef investe frequentemente em tecnologias e processos para reforçar seu ponto forte, que é a entrega de encomendas urgentes dentro do prazo prometido. Nesse contexto, recentemente a empresa iniciou a operação de um sorter, sistema automatizado de distribuição de encomendas, novidade em sua unidade de Barueri, SP.

Primeira a testar

Especializada em encomendas urgentes de cargas fracionadas, a Jamef é um tradicional cliente e parceiro da marca, tanto que costuma receber veículos em desenvolvimento. E foi a primeira empresa a testar o Accelo automatizado, o que possibilita a comparação de dados como desempenho, consumo, custos operacionais e conforto, entre outros.

“O Accelo é um caminhão excelente e ágil para coleta e entrega urbana”, ressalta Juliano Alba, gerente de Tráfego, Frota e Manutenção da Jamef. “E aguenta a pauleira do dia a dia. Como resultado, os Accelo rodam praticamente o tempo todo, parando apenas para manutenções preventivas. ”

Alba diz que a Jamef trabalha com foco em custo por quilômetro para avaliar os gastos operacionais de sua frota própria. “O custo por quilômetro do Accelo é excelente, levando em conta a média de consumo de diesel, gasto com manutenção e disponibilidade, critérios essenciais para nossa gestão”, diz. A questão consumo teve papel preponderante na avaliação. Embora a Mercedes apresente uma informação mais contida, falando em economia de 3% sobre a versão com alavanca, a prática na transportadora revelou situações em que essa diferença chega a 10%. Como o número é muito forte, ficou mantido entre paredes.

De acordo com Juliano, a Jamef busca otimizar ao máximo a logística interna de distribuição, que está sob total controle da empresa. “Quando o caminhão sai para a entrega, já não dependemos só da equipe, porque temos de encarar os desafios das ruas, como congestionamentos, tráfego intenso, stress dos horários de pico e outras ocorrências. ”

Por dentro do câmbio automatizado

Sua grande vantagem é a otimização do consumo de combustível, pois o câmbio tem potencial para minimizar as diferenças de condução entre os motoristas, fazendo com que a média de consumo da frota melhore significativamente. Além disso, o câmbio automatizado prolonga a vida útil da embreagem em pelo menos duas vezes, reduzindo em muito o custo de manutenção e operação do veículo.

Desenvolvidas totalmente no Brasil para atender as caraterísticas específicas do mercado local, essas transmissões consideram a alta densidade de trocas de marcha causada pela enorme quantidade de “anda e para” do tráfego dos grandes centros urbanos. E tem o mesmo conceito operacional da série que equipa o Iveco Tector e o finado Ford Cargo, inclusive os features de desempenho caso os clientes desejassem.

A EAO-6106 e a EAO-6206 têm uma nova tecnologia de usinagem para o acabamento dos dentes das engrenagens, possibilitando menor ruído e maior durabilidade. A transmissão, desenvolvida no conceito long life, oferece maior vida útil aos componentes, aumentando a disponibilidade do veículo e diminuindo sua manutenção.

Esse câmbio conta com dois modos de condução, com a funções Eco (mais econômica) e Power (para situações de subidas/serras e ultrapassagens). Segundo Henrique D´Uhl, gerente de Desenvolvimento de Mercado e Planejamento de Produto da Eaton, o veículo com 6 velocidades possibilita uma melhor utilização da faixa de torque do motor, o que garante um melhor consumo mesmo em circuitos urbanos.

“Com um sistema de troca de marchas inteligente, que identifica quando o veículo está em uma subida ou descida, por exemplo, a nova transmissão funciona em um modo de condução adaptativo, de acordo com as condições de topografia e carga, sempre buscando o melhor compromisso entre performance e consumo”, explica.

Além disso, um novo software identifica automaticamente se o veículo está sendo manobrado ou conduzido, o que permite uma sensibilidade mais adequada ao pedal do acelerador nas baixas velocidades usadas nas condições de manobra.

O sistema ainda promove a identificação automática da sequência de trocas (1->R->1), permitindo a mudança de direção de forma mais ágil, sem a necessidade de botões adicionais ou pausa para engate de neutro, o que facilita a operação no caso de manobras ou para sair de situações de atolamento em terrenos de baixa aderência, função também conhecida como “Rock Mode”.

Nas transmissões EAO-6106 e EAO-6206 qualquer componente do sistema de automação na periferia do câmbio (atuador de embreagem, acumulador de pressão, sensores, etc) pode ser trocado individualmente, sem necessidade de mexer em todo o sistema, facilitando a manutenção e baixando o custo de forma significativa.

A otimização do freio é outra característica da transmissão que equipa a linha Accelo. “Quando o motorista utilizar o pedal de freio ou ativar o freio motor do caminhão ou ainda a combinação dos dois, a transmissão entende automaticamente que precisa ajudar a frear o veículo, aumentando as rotações de troca de maneira a maximizar o freio motor do caminhão”, finaliza Henrique.

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